O projeto “Vozes das Mangabeiras”, de autoria da Associação de Catadoras de Mangaba de Indiaroba (ASCAMAI), foi selecionado pela Coordenadoria Ecumênica de Serviço (CESE) para acontecer nos meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022. O projeto tem como objetivo acentuar a comunicação nos territórios das Catadoras de Mangaba de Sergipe enquanto ferramenta de transformação e conta com a Rede Solidária de Mulheres como parceira em sua realização.
O projeto “Vozes das Mangabeiras” de Sergipe reconhece na comunicação uma importante ferramenta de mobilização, engajamento, formação e visibilidade das lutas nas organizações sociais. Possibilitando a ampliação de diálogo entre os grupos com a sociedade e com parceiros nos diversos segmentos.
De acordo com Alicia Salvador, o projeto “vem para fortalecer as catadoras de mangaba e nos aproximar ainda mais umas das outras. Tendo a comunicação como foco, podemos aprimorar nossas estratégias de visibilidade dos territórios e divulgar ainda mais nossas ações e lutas enquanto mulheres mangabeiras. A parceria aconteceu no momento certo e estamos muito ansiosas para dar início ao projeto”, disse a presidenta da ASCAMAI.
As ações do projeto incluem a realização de webinários de Educomunicação, promovendo reflexões sobre a desigualdade racial e de gênero no campo e na cidade, comunicação digital e empoderamento feminino e legislação e os territórios das mangabeiras. Ao final, as mulheres construirão um plano de comunicação participativo para que seja aplicado nas ferramentas de comunicação que cada território dispõe, por meio da ação das chamadas mobilizadoras formadas pelo projeto.
As mobilizadoras do projeto cumprirão papel fundamental para o sucesso do “Vozes das Mangabeiras”, pois serão elas as responsáveis pela mobilização em seus territórios. As mobilizações serão realizadas com a participação de lideranças de cada área envolvida no projeto, que serão responsáveis pela realização das atividades no local, bem como realizar cadastros das participantes e orientar para o uso das ferramentas tecnológicas para a participação comunitária nas ações de comunicação dos webinários.
“A proposta de contar com mobilizadoras em cada território é muito acertada nesse projeto, porque elas irão ajudar aquelas que são mais importantes para o processo: as próprias mulheres mangabeiras. E depois da formação, elas vão continuar aplicando o conhecimento adquirido e contribuindo para que o resultado esperado seja atingido. Ao final desse projeto, teremos mulheres que sabem usar a comunicação a seu favor e a favor de seus territórios”, disse Mirsa Barreto, coordenadora da Rede Solidária de Mulheres, parceira da ASCAMAI nesse projeto.
A proposta é que esse processo de mobilização valorize ainda mais o engajamento das colaboradoras e demais participantes, fortaleça a comunicação interna e externa com formação de qualidade e contribua com a visibilização das pautas e lutas das Catadoras de Mangaba.
A CESE
Com sede em Salvador, a CESE atua em território nacional, com prioridade nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. A ação da CESE tem por base o ecumenismo de direitos, mobilizando igrejas e organizações ecumênicas – em articulação com outras expressões de fé – para se posicionarem a favor da democracia e dos direitos, solidarizando-se com as lutas dos movimentos populares. A abordagem é a da educação popular, que pressupõe a escuta e tem como ponto de partida os saberes, conhecimentos e práticas acumulados pelas organizações sociais com as quais ela se relaciona.
A CESE atua na perspectiva da defesa da democracia, justiça social e dos Dhesca’s (Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), apresentando capacidade de mobilização e construção de alternativas comunitárias, buscando intervir nas políticas públicas, nos âmbitos locais e nacional, e que demonstram potencial para desenvolvimento de ações articuladas.
“A CESE reconhece e apoia as catadoras de mangaba organizadas na ASCAMAI pelo papel fundamental que vem cumprindo na defesa ambiental e dos territórios tradicionais que garantem a vida de tantas comunidades. Trata-se de um movimento protagonizado por mulheres, em sua maioria negras, que enfrentam com muita coragem a voracidade do capital, do racismo e do patriarcado, que avançam sobre os territórios e sobre os direitos dos povos e comunidades tradicionais”, disse Viviane Hermida, assessora de Projetos e Formação da CESE e da Coordenadoria Ecumênica de Serviço. A instituição já existe há mais de 40 anos e já realizou diversos projetos como esse com outros grupos pelo Brasil. Dentre suas estratégias de ação, a comunicação é reconhecida como uma ferramenta de sensibilização da sociedade para engajamento na defesa dos direitos humanos, fazendo um contraponto à mídia convencional e amplificando a visibilidade das causas defendidas pela CESE e seus parceiros.
COPYRIGHT © Ascamai - Todos os Direitos Reservados